terça-feira, junho 03, 2003

ABRAÇOS A QUASE TODOS?

Andamos nas ruas e vemos diariamente dezenas de pessoas. Ou seriam centenas? Não sei. O fato é que vemos muita gente e dificilmente desejamos a alguém um sonoro bom dia. Às vezes, no elevador da empresa em que trabalhamos pronunciamos um tímido bom dia com medo de sermos considerados algum tipo de maluco.

Que bobagem!

Como seria bom se sentíssemos com mais freqüência a alegria de estarmos bem com todo mundo. Desconhecidos... Tudo bem, pode até ser natural uma certa timidez. A situação, no entanto, pode ser mais complicada quando não conseguimos nos dar muito bem nem com aqueles que conhecemos. Como seria bom se desejássemos dar um abraço em todos aqueles que conhecemos. Isto seria o mínimo. Infelizmente, desejamos abraços a quase todos. Guardamos ressentimentos de muitos daqueles com que nos relacionamos. Isto é péssimo. Isto nos faz muito mal. Nos consome.

As pessoas, em geral, não têm a intenção de nos ferir os sentimentos. Normalmente não conseguem perceber o impacto de suas ações sobre nós. Quantos desentendimentos não ocorrem simplesmente por interpretações equivocadas dos fatos? Quando um problema ocorrer sempre existirá o nosso lado da história e o lado daquela que nos magoou. A versão real do todo dificilmente é percebida. Temos que levar isso em consideração.

Outra coisa para pensar:

Será impossível encontrar pessoas sem vícios, sem defeitos. Temos que conviver com isso. Já que é assim, por que não lidar com isso da melhor maneira? Nós temos as nossas dificuldades também. A convivência, o relacionamento ajuda a todos na marcha pelo progresso.

Ah, mas há aqueles destruidores de sonhos...

Estes destruidores são aquelas pessoas nas quais depositamos toda a nossa confiança e quando menos esperamos... POW. Uma porrada! Uma apunhalada pelas costas!

Hmmm... Será mesmo? Não sei se é bom ou ruim, mas ainda não inventaram uma máquina que fosse capaz de nos traduzir os pensamentos dessas pessoas. Novamente recaímos sobre a questão da visão parcial do problema. Infelizmente ficamos apenas com a nossa versão. Quando se trata de pessoas com as quais compartilhávamos sonhos, esperanças, nossa razão simplesmente desaparece. O emocional toma conta de nossa alma de maneira avassaladora e limita mais ainda a nossa capacidade de discernimento, nossa capacidade de enxergar as coisas como realmente são. Da confiança extrema nasce a desconfiança extrema. Não percebemos que pode haver um meio termo. As pessoas têm defeitos e dificuldades. Podem “pisar na bola”. Às vezes, podem pisar mais de uma vez. Mas daí a julgar todo o caráter de uma pessoa, existe uma grande diferença. Trata-se de uma atitude muito radical.

Esquecemos de valorizar as coisas boas e nos sentimos reféns da desconfiança como se tudo aquilo que tivéssemos vivido fosse uma grande farsa. Nossa vida não é uma grande mentira. Nós vivemos bons momentos e os erros não anulam os acertos. Os erros são apenas oportunidades para maiores conquistas. Superando obstáculos crescemos e valorizamos ainda mais a nossa competência em sermos felizes.

Estaremos sempre sujeitos a decepções, mas se buscarmos o caminho da compreensão, do carinho, do amor, aprenderemos a passar por cima de tudo isso. É interessante que, quanto mais aprofundamos a nossa relação com uma pessoa, mais sujeitos ficamos a decepções, pois a conhecemos mais, no seu íntimo. Se não prestarmos atenção, ao nos decepcionarmos, acharemos que tudo estava errado e nunca imaginaríamos que algum tipo de decepção sempre ocorreria independentemente da pessoa com a qual mantivéssemos um relacionamento. Estaríamos então destinados à solidão? Assim fugiríamos de decepções? Não. Acho que não.

Sabem o que é mais impressionante?

É que se alguém estiver passando por uma situação dessa, é muito provável que leia tudo isso e afirme: “Boa tentativa, mas o meu problema é diferente, as mágoas que guardo são muito fortes e profundas. Existem pessoas nas quais não podemos confiar”. Isto é sintomático. Uma pena! É pura teimosia reforçada pela nossa incapacidade de refletir em momentos de grande envolvimento emocional. Podemos nos relacionar bem com todos. Mais do que isso: podemos nos relacionar muito bem com todos. Se você leu isso aqui e pensou de maneira parecida, leia de novo. Mais uma vez. Outra vez. Continue lendo, reflita até que a teimosia seja superada. Garanto que valerá a pena.

Existem vários graus de relacionamento. Desde relacionamentos com desconhecidos para os quais podemos desejar calorosos bom-dias até aqueles com pessoas com as quais temos a maior intimidade.

Não interessa!
Na rua, no trabalho, em casa: desejemos bom dia a todos.
Abraços a quase todos? Não!
ABRAÇOS A TODOS!

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