MARAVILHA DA BRUXARIA


Agora eu descobri! Há um tempo atrás, quando me referi a uma garota que disse ser bruxa, escrevi Wica e não Wicca. Estava errado. Movido pela curiosidade e também porque percebi que muita gente anda se interessando pelo assunto, comprei um livro e li um pouco sobre este assunto. Pelo menos, já sei o jeito certo de escrever.

Antes de iniciar a leitura, procurei eliminar qualquer postura preconceituosa a respeito (espero que tenha conseguido). No entanto, estou fazendo uma leitura crítica, o que considero importante em qualquer tipo de leitura. Quando se trata de um assunto como esse, que envolve religião e filosofia, procuro me ater a dois aspectos que considero importante: a questão moral e a questão racional.

Li um trecho que achei bem interessante que demonstra o respeito dos wiccas às demais religiões. A Wicca considera a religião uma escolha individual e acredita que cada um deve formar suas próprias convicções. Não há proselitismo ou recrutamento. Considero uma posição bastante acertada, pois também não acredito que haja uma religião que seja a "salvadora". Não acho que algum sistema de crenças retrate a verdade absoluta. No entanto, acredito que estes sistemas evoluem e tendem a se aproximar de uma verdade.

É justamente por isso que me refiro à necessidade de sermos racionais. Não acredito em rituais. É por isso que acho difícil concordar com rituais de bruxaria ou qualquer outro tipo de religião que utilize esse tipo de coisa, mesmo que tire dessa análise qualquer tipo de preconceito. Acredito nas leis naturais e acho que tudo aquilo que consideramos sobrenatural ou mágico trata-se apenas de leis sobre as quais não temos ainda o conhecimento suficiente. Procuro ser cético antes de acreditar em alguma coisa. Acho ainda que as explicações científicas devem ser desprovidas de qualquer tipo de misticismo.

Acredito, por exemplo, na existência de espíritos, na mediunidade, porém acredito nisso da mesma forma com que acredito na existência da eletricidade. Não há nada de maravilhoso na eletricidade. No entanto, em tempos remotos acreditava-se na existência de deuses relacionados a fenômenos naturais, como uma descarga atmosférica. Uma descarga atmosférica é apenas um fenômeno físico. O espírito existe e não podemos negar sua existência. Para confirmar a sua existência não precisamos recorrer a nenhum tipo de misticismo ou ocultismo.

Tudo bem, também acho que cada religião tem seu papel e que cada um deve adotar aquela em que se sente mais bem adaptado, seja ela qual for. Todas tem seu valor, a Igreja Universal do Reino de Deus, o Catolicismo, a Wicca, etc. No entanto, considerando o que expus sobre a evolução das crenças, acho que todos devemos ser motivados a pensar e a raciocinar sobre nossa fé. Acho que, aos poucos, tendemos a nos desapegar de rituais através do raciocínio.

Lendo o que escrevi até aqui, alguns poderiam pensar que desprezo questões emocionais e quando falo em sermos recionais. Não. De forma nenhuma! É onde entra a questão moral, o amor. É o amor que tempera tudo isso. É através desse sentimento que podemos nos conectar à espiritualidade. O amor é que nos move para o progresso. O amor nos permite a conexão com aquilo que temos de mais sublime sem a necessidade de palavras ou gestos específicos. A maioria das religiões tem seus alicerces na prática e vivência do amor, inclusive a Wicca, e considero isso muito bom. Quanto mais ajudamos as pessoas e vivemos buscando um mundo melhor, mais progredimos. No entanto, acho que, quanto mais nos desapegamos de rituais, mais consiguimos sentir e exercitar o amor mais plenamente.

Escrevi tudo isso por acho que as pessoas devem pensar um pouco mais antes de adotar alguma crença. Não pretendo aqui desrespeitar a crença de ninguém. Nada contra a Wicca, apesar de não compartilhar de suas crenças. No entanto, ainda acho que muitas pessoas começam a acreditar nas coisas graças a modismos. No caso da Wicca, acho que muitos ficam maravilhados com a idéia da bruxaria. Isso acontece também dentro do Espiritismo, doutrina na qual acredito. Muitas pessoas começam a dizer coisas sem saber porque e, muitas vezes, repetem vários absurdos.

Acho que as vezes complicamos demais as coisas que são muito simples. O negócio é ampliar nosso conhecimento e amar, sem impor regras que limitem nosso entendimento e nossa capacidade de amar.