quarta-feira, setembro 03, 2003

ANTÔNIO GISSI TOMAZ

Todo mês eu passo por lá. Dessa vez foi um pouco diferente. A sala estava lotada. Geralmente, pouca gente por ali. Comecei a estudar aguardando o início dos trabalhos.

Não pude evitar, mas comecei a ouvir a conversa entre duas pessoas que estavam sentadas ao meu lado. Mais ou menos do jeito que o mÁrcio fez esses dias. Só que não me manifestei. Fiquei só ouvindo. O homem começou:

- Você o conhece?
- Sim, conheço. Conheci suas crianças. Como estarão elas agora?
- Elas estão comigo. Ele era meu cunhado.
- Você era irmão dela?
- Sim.
- Numa situação dessas, o que mais me preocupa são as crianças. Como elas estão reagindo?
- Bem. São como filhos para mim agora. A menina, a mais velha, teve alguns problemas, mas está melhor. O menino, como era muito pequeno, não lembra muito bem das coisas. Evitamos falar do assunto. Essa semana, porém, estão fazendo questão de acompanhar o noticiário. Assistiram ao jornal, à Ana Maria Braga.

Noticiário? Ana Maria Braga? Seria esse o motivo do burburinho?

Aguardei mais um pouco. Se fosse um caso assim, provavelmente ficaria lá por mais tempo do que eu imaginava. Uns três dias, quem sabe? Logo a juíza veio com a notícia:

- Desculpem-me senhores, mas apesar de nossos esforços para que o julgamento ocorresse na data de hoje, houve um adiamento. – ela explicou, em termos legais, que eu não entendi, obviamente, porque a defesa teria solicitado um adiamento. Parece-me que teria algo a ver com o fato do caso estar nos noticiários desta semana.

Não pude conter a curiosidade e procurei me informar sobre o caso. Descobri que eu poderia ter sido um dos jurados do caso do tal Antônio Gissi Tomaz, um economista de 41 anos que matou a mulher em abril de 2000 e que no último domingo matou novamente. Dessa vez, a namorada. Diz-se que, na primeira vez, o motivo teria sido a separação da mulher. Agora, apesar de argumentar que reagiu a um tiro que teria levado na perna disparado pela namorada, disse que fez uma vasectomia e suspeitava que sua mulher estivesse grávida de outro homem.

Após o primeiro crime, o acusado se apresentou à polícia 60 dias após a morte, acompanhado de advogados, o que possibilitou que acompanhasse o julgamento em liberdade. Ouvi no tribunal que o primeiro julgamento marcado tinha sido adiado.

Duas perguntas surgiram na minha mente:

Será que se ele tivesse sido julgado e estivesse preso ele cometeria o segundo assassinato?

Qual teria sido a intenção do advogado de defesa em adiar pela segunda vez o julgamento? Estaria ganhando tempo para preparar melhor a sua defesa ou estaria pensando em desistir do caso? Prefiro acreditar na segunda opção.

Um comentário:

gaah_biih disse...

Gostaria muito de poder conversar sobre este artigo com você que escreveu, você poderia me dar seu e-mail, msn, orkut, ou algo relacionado ? Grata