COTAS EM UNIVERSIDADES PÚBLICAS

Estava prevista uma manifestação na USP ontem relacionada com a questão das cotas para negros e pobres. Não sei se ocorreu realmente. Tenho uma opinião sobre o assunto. Acho que todos deveriam ter acesso às universidades, mas creio que a definição de cotas não se apresenta como melhor alternativa. O que é preciso, é permitir que os jovens de qualquer classe social tenham condições de ter acesso a um estudo de qualidade desde o início de sua formação. Não adianta colocar as pessoas lá sem preparo para o curso de uma hora para outra. O vestibular, por mais problemas que tenha, não deixa de ser um meio de avaliação. Atualmente, pessoas sem condições de acompanhar o curso não entram. Não adianta querer resolver o problema a curto prazo sob o risco de diminuir a qualidade do ensino superior.

Bem, existe outra coisa que me deixa intrigado ao ouvir falar sobre as cotas. Não sei exatamente como se propõe essa divisão, mas, pelo que eu entendi (e posso estar equivocado) é feita uma distinção entre pobres e negros. Acho que, por uma questão histórica, grande parte dos negros são pobres, o que precisaria ser mudado, obviamente. No entanto, acho que nenhuma pessoa é impedida de ingressar numa universidade pública devido à sua raça, mas sim devido à sua condição social que não lhe propicia condições adequadas de estudo.

Portanto, apesar de não concordar com a proposta das cotas, se ela for implementada, acho que tais cotas deveriam ser definidas apenas considerando a condição social e não a raça. Caso contrário, estaríamos reforçando um preconceito insinuando que negros não teriam condições de ingressar numa faculdade. Não vejo lógica nenhuma nisso. Mais do que isso, estaríamos polarizando uma disputa racial estúpida. O problema não é racial, é social. Acho que devemos tratar todos igualmente. Na minha opinião, vale mais focar no problema que temos de fato: miséria. Esse problema atinge o ser humano antes de tudo, seja ele da raça que for.