Romeu encontra Julieta morta - 21ª CENA
Romeu:
Oh, meu amor! A morte parece não apagado seu brilho, doce Julieta! A beleza ainda está estampada em seu delicado rosto!
Julieta vira o rosto para a platéia e faz cara de nojo, de espanto, afinal que marido seria este?
Romeu:
Oh! Nosso lindo namoro, cheio de sonhos, lembra July? Aquela casinha rosado no campo, com uma cerquinha branca, o pomar atrás... Os queridos dez filhinhos, o nosso cãozinho Totó...E minha doce Julieta, dona de casa e mãe zelosa! Ah, minha amada! O que fazer sem tua confortante companhia?
MATAR-ME-EI!
Toca a música e a cena é congelada, com Romeu levando o frasco de veneno à boca.
Começa a música do Globo Repórter e entra o narrador vestido de terno e imitando o Sérgio Chapelen.
Narrador:
Chegamos a um momento decisivo nesta história. Romeu, desesperado, está prestes a cometer suicídio. O que reservaria a vida após a morte para Romeu, após ter cometido tão grave ação? Hoje, felizmente, estamos reunidos com pessoas sensatas e conhecedoras dos problemas decorrentes de uma vida interrompida, assim, tão bruscamente por um ato voluntário...
Os sentimentos que arrebatam a alma de Romeu são destruidores. Como controlá-los? Como manter a razão? O que deveria ouvir Romeu para que ele pudesse controlar suas emoções, trabalhar melhor seus sentimentos.
Resolvemos deixar a cargo de vocês, caros espectadores, essa tarefa. Terão que ajudar Romeu a não cometer tamanha insanidade. Para isso conversaremos um pouco. Boas idéias são necessárias neste momento. Teremos aproximadamente 15 minutos para nos apresentarem uma única boa razão para convencer Romeu. Um discurso! Só teremos uma chance! É com vocês! Enquanto isso, vou comer um pouquinho... Vocês já jantaram, não é? Ah, Quem convencê-lo ganha uma lembrança do encontro.
Narrador deixa as pessoas conversando e começa a comer uma banana. Quando acaba de comer, joga a casca da banana perto de Romeu.
Passados um quinze minutos:
Narrador:
Bom, é chegado o momento. Temos que prosseguir, pois nosso frei está com fome. Onde está o discurso para impedir a tragédia?
Narrador pega o discurso, e chama um representante da platéia que preparou o discurso para que ele o leia e intreprete para Romeu. O grupo com a melhor idéia ganha a melancia que Romeu carregava. Posiciona-se perto de Romeu e pede que a cena seja descongelada.
Narrador:
Romeu! Não! Não se mate!
Romeu:
Quem és?
Narrador:
Alguém que pode te dar uma idéia melhor do que fazer neste momento tão devastador!
Romeu:
Sei... Ah, deixe-me a com minha amada! MATAR-ME-EI com este veneno!
Narrador:
Não se mate! Tenho aqui diversos motivos para demovê-lo dessa idéia. Só não posso contar que Julieta está viva, pois isso estragaria o resto da história, mas estes outros argumentos que trago aqui são muito bons também...
Romeu:
Então, o que rola? Diz aí!
Narrador:
Aí.
Romeu:
Não, aí não! Diz aí!
Narrador:
Ah, entendi... aqui, não aí... Aqui.
Romeu:
Ohhh, conta logo o discurso que o pessoal preparou!
Narrador:
Ah, é...
Narrador chama uma pessoa da platéia para ler e interpretar o discurso previamente preparado.
Narrador:
E então, mudou de idéia?
Romeu:
Não sei não...
Narrador:
Pense bem. Tudo isso está bastante embasado na doutrina espírita, codificada por Allan Kardec...
Romeu:
Não me venha com essa. Você sabia que esta história que aqui se desenrola, se passa na Idade Média? Kardec só publicou o Livro dos Espíritos em 1857... E vens me falar de espiritismo? Ha, ha, ha! Faz-me rir...
Narrador:
Se eu te faço rir, já tens um bom motivo para não se matar. E além do mais, e se tudo isso que disse for mesmo verdade?
Romeu:
Se for verdade, poderei encontrar mais tarde meu amor?
Narrador:
É certo que sim.
Romeu:
Ah, mas morrerei de saudade. Ó minha amada! Julieta!
Narrador:
Melhor morrer de saudade bem velhinho do que morrer agora e não encontrá-la prontamente e ainda sofrer duplamente, pela distância da sua amada e pelas dores que sofrem aqueles que subtraem a própria vida.
Romeu:
Oh, grande amigo! Sou muito grato pela sua interferência. Não me matarei. Assim será melhor para mim e melhor ainda para minha amada! Oh Julieta! Sentirei muito a sua falta!
Romeu escorrega com a casca de banana jogada no chão, bate a cabeça e morre.
Narrador:
Não acredito!
Narrador sai de cabeça baixa.
Julieta acorda.
Julieta:
Oh Romeu! Estás aqui? Que bom! Repousas ao meu lado! Beije-me oh Romeu! Devolva-me o carinho que tão longe se manteve.
Romeu! Romeu! Você bebeu de novo? Vai Romeu! Fala logo! (pausa) Não, o final tem que ser feliz, né, Romeu? Oh, não...snif...
Julieta percebe que Romeu está morto.
Julieta:
Não! Não! Mil vezes não! Uma viúva? Ninguém merece! Oh, meu amor! Viestes salvar-me de um triste fim e és tu, o triste finado? Oh, que tristeza se apropria de minha alma! Vida sem sentido longe de meu Romeu, Romeu meu! Oh, meu Romeu! Romeu Meu! Meu Romeu! Romeu Meu! Romeu Meu! Meu Romeu...
O Frei atira de fora do placo um pedaço de pão na direção de Julieta para ela parar.
Julieta:
Atchim! Nossa, esse lugar tá só o pó...
E nossos planos para o futuro? Mudarmos para Roma, uma cidade grande! Conhecermos toda Europa. Quem sabe até irmos para Miami, Orlando... Disney World! Minha carreira como executiva de sucesso do restaurante que abriríamos com ajuda de Frei Zé Pequeno? Adotarmos uma criança quando tivesse minha carreira estabelecida lá pelos 35 anos, ah, meu maridinho que estaria em casa me aguardando toda noite, para massagear meus lindos pezinhos...
Que bom que trouxeste teu punhal, caro Romeu! MATAR-ME-EI!
Narrador:
Não! De novo não! Já basta um, você não acha? Olha vou economizar tempo e já vou ler todo esse discurso para que você mude de idéia: blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá...
Julieta:
Ta bom! Ta bom! Não me mato. Você me convenceu!
Narrador:
Que bom! Dessa vez foi rápido. Muito bom o discurso de vocês viu? O Romeu que era mais chatinho...
Julieta:
Atchim!
Ao espirrar, Julieta acidentalmente, se mata com o punhal.
Julieta:
Ai... Acho que me mateeei... É... Me mateeeiii... Ahhh!
Narrador:
De novo?! Não é possível...
Narrador lamenta o final da história - 22ª CENA
MÚSICA: Adágio
Narrador:
Game Over. Fim da história. Desculpem a pisada de bola! Depois de tanto trabalho, morrem Romeu e também Julieta... Bonito, mas triste... E todo aquele amor? Interrompido assim? Seria o destino dos dois? Uma fatalidade?
Entra contra-regra com cara de saco cheio e diz:
Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. Também é mera brincadeira a idéia de fatalismo, que, de fato, não tem o menor cabimento.
O contra-regra cochicha alguma coisa no ouvido do narrador.
Narrador:
Sério? Não brinca! Gente, não acabou não!
Saem de cena.
No plano espiritual - 23ª CENA
MÚSICA: She, Rapunzel, I will Survive e 16 Toneladas
Romeu e Julieta aparecem vestidos de branco em meio a uma fumaça e ao som de She, dançando. O volume da música abaixa.
Julieta:
Oh, meu Romeu! Fale de novo aquelas belas frases complicadas e meladas que você usava para me xavecar!
Romeu:
Mas não gostavas dessas frases, minha amada...
Julieta:
Ah! Eu gosto... São tão, tão pichuchas!
Romeu:
Te amo, meu amor! Amo-te, minha amada, com tanto amor! Nosso amor é lindo, é forte! Como eu te amo!
Julieta:
Que lindo!
O volume da música aumenta e continuam dançando.
Romeu:
Mas falaste que não querias meus tantos filhos...
Julieta:
Dez não... talvez uns cinco, apenas...
Romeu:
Ah, eu te amo
Julieta:
Eu também!
Romeu:
Oh, planejemos então nossa nova encarnação!
Julieta:
Sim Romeu! Mas que tal reencarnarmos daqui uns séculos...
O volume da música aumenta e continuam dançando.
Entra o frei.
Frei:
Ma coroinha, caspita! Me toca una musica mais agitada, pra toda essa galera balança us esqueleto!
Começa a tocar Rapunzel e na seqüência, I Will Survive e 16 Toneladas e se misturam com a platéia para que todos dancem.
FIM
quinta-feira, julho 01, 2004
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