terça-feira, fevereiro 01, 2005

SUJEITO, OBJETO E UNIDADE

O desenvolvimento da filosofia ocidental nos dois últimos séculos teve como resultado o isolamento do espírito em sua própria esfera e a ruptura de sua unidade original com o universo. O próprio homem deixou de ser o microcosmos, e sua alma já não é mais a 'scintilla' consubstancial ou uma centelha da 'anima mundi' [alma do mundo].

Jung, Carl Gustav. "Psicologia e religião oriental".


Jung me deixou com a pulga Atrás da Orelha.

Como nos relacionamos com o universo? Estamos simplesmente imersos nele ou somos parte dele?

Essa discussão precisa estar embasada em dois conceitos fundamentais:

Sujeito: é quem conhece, quem busca o conhecimento.
Objeto: é o que está aí para ser conhecido, pronto para ser conhecido pelo sujeito.

E daí?

O que se pergunta, na verdade, quando se trata do estudo da relação sujeito-objeto, é:

Será que é possível buscar o conhecimento utilizando-se de conceitos tão estanques? Sujeito de um lado, objeto de outro?

Todo o pensamento ocidental tem trilhado esse caminho. Mas será que o objeto não interfere no sujeito e vice-versa? Qual a relação do observador com um dado fenômeno. Talvez, perguntas a serem analisadas por um conhecedor de física quântica.

Acredito na dualidade espírito-matéria, ou se preferirem algo mais geral, princípio inteligente e princípio material. Sob o ponto de vista do espírito, estaríamos imersos no universo material. Sob o ponto de vista material, nosso corpo faria parte do universo material, seja nos referindo ao nosso corpo físico, seja ao nosso corpo perespiritual.

Essa concepção me traz o questionamento do que seria essa unidade com o universo. Considerando o universo material, acredito que nossos corpos (corpo propriamente dito e perespírito), sofrem, em diferentes graus, influência de uma transformação material em algum ponto do universo. Nosso espírito, no entanto, pode ou não sofrer essa influência, pois não está localizado no espaço material.

Mas há relações entre o espiritual e o material, não é verdade? Pois é, mas aí o espírito não perde sua individualidade e seu livre-arbítrio por estar imerso num todo. Ele interage com o mundo material de maneira a transforma-lo ou tem reações que são exclusivamente suas em relação a transformações ocorridas na matéria. A causa das transformações no espírito tem origem no próprio espírito e não na matéria.

Fica ainda a questão relacionada à alma do mundo citada por Jung. Essa alma, muito provavelmente, não teria nenhuma relação com a matéria. Parece uma referência a uma força maior. Talvez seja Deus. Quem conhece Jung poderia me dizer se é isso mesmo.

A nossa conexão com essa força maior parece nos mover, queiramos ou não, estejamos conscientes disso ou não. A consciência de que isso acontece, no entanto, deve nos inspirar mais tranqüilidade. A nossa natural busca pelo Bem tem muita relação com isso.

Uma coisa que, pelo menos num primeiro momento, me distancia um pouco de Jung é a idéia do inconsciente coletivo. Ao meu ver (posso estar enganado), é passada uma noção panteísta, que não me parece lógica.

Ah... Falando em sincronicidade, curiosamente, no dia em que publiquei o post anterior, que foi motivado por um e-mail mandado com o Hugo, li esse trecho transcrito no início deste texto em um livro de filosofia e ética que estou lendo diariamente. Não busquei o trecho. Simplesmente segui a seqüência do livro. Coincidência? Pode ser... Mas eu ainda não havia lido nada sobre Jung neste livro.

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