quinta-feira, maio 19, 2005

DESEQUILÍBRIO (só um desabafo)



Estou passando por um momento de desequilíbrio. Nada fora do normal, mas está me incomodando. Sempre acreditei que saberia dosar as coisas. Neste momento, não sei se estou conseguindo.

Tenho três objetivos principais na minha vida, um relacionado à felicidade em família (1), outro à felicidade no trabalho (2) e o terceiro na felicidade de se trabalhar em benefício dos outros (3). Será que foi ilusão minha pensar que esses três objetivos se encontrariam em um único e grande objetivo que seria fazer algo de bom?

Tenho um casamento felicíssimo, pais maravilhosos e uma irmã fantástica. Isso sem falar nos meus avós e no restante da família... Minha vida profissional sempre andou bem. Meus estudos me motivando e perspectivas muito legais. O meu trabalho na Seara nunca esteve tão ativo e empolgante. A idéia de fazer o bem pelas pessoas sendo concretizada de uma forma bastante gratificante.

A Fá (para quem não sabe, minha esposa) do meu lado nos trabalhos da Seara. Minha irmã também! (objetivos 1 e 3 convergindo) Trabalho diretamente ligado à qualidade e ao meio ambiente, valorizando o bem comum, a entrega de verdadeiro valor para as pessoas. A um passo de trabalhar com responsabilidade social. (objetivos 2 e 3 convergindo). O trabalho da Seara me dando grandes experiências no trato com pessoas e na gestão de trabalhos (novamente convergência entre os objetivos 2 e 3). Até pensei em futuramente abrir um negócio com a Fá, minha irmã e meus pais para tratar da educação para cidadania de crianças e jovens, pois a Fá está cursando pedagogia, a Dé, psicologia e meu pai, com uma grande experiência profissional em gestão. Isso sem falar da minha mãe que poderia contribuir muito também com suas experiências de vida. Ah... E porque esquecer dos amigos? Sei de muitos que poderiam ajudar... (objetivos 1, 2 e 3 covergindo!!!!)

Pois é... mas talvez seja só forçar a barra para enxergar as coisas como eu gostaria de enxergar...

Na prática:
- A Fá está de saco cheio com alguns estresses causados pelas coisas da Seara.
- Meus pais sentem minha falta e eu não consigo dar atenção a eles. Amo tanto meus pais e parece que anda tão difícil demonstrar ou deles perceberem...
- Apesar de confiar muito no meu taco não sei o que vai ser de mim profissionalmente, pois não há muito mais o que fazer aqui na empresa (acabou a obra) e sinto que em breve serei dispensado. Até acredito que arrumo um emprego sem muita dificuldade. Mas será o que eu realmente quero? Passei pela primeira vez pela experiência de trabalhar com o que não gosto profissionalmente ou, pelo menos, não nas condições em que gosto (e não é nada bom!)
- Acúmulo de atividades na Seara (apesar de gostar muito de tudo que faço lá, talvez para compensar a frustração momentânea com o trabalho profissional).
- Desentendimentos desnecessários com gente que gosto lá na Seara. Sentimento de insatisfação meio que generalizado entre muitos que trabalham comigo por lá (isso desmotiva).
- Muita vontade de ter um filho (a Fá tb!) e necessidade de esperar face à incerteza no campo profissional. Não adianta! Não consigo desencanar e abrir mão de assistência médica para parto para o que exigem uma carência de 10 meses.

O que me angustia é não saber o que fazer e, principalmente, entristecer as pessoas que mais amo por conta de uma falta de habilidade que estou tendo para lidar com essa situação.

Não sei se desencano das coisas da Seara por um tempo. Abrir mão de algo que é tão importante para mim? Tudo bem... eu poderia reduzir mais a carga de trabalho por lá, mas e a minha noção de responsabilidade? Muitos podem estar contando comigo. E a sensação de estar no caminho certo para fazer aquilo que sempre sonhei? Realizar um projeto de vida! E o momento parece ser agora. Pelo menos o início (e só o início, o que pode ser ainda mais preocupante. A Fá odeia considerar essa hipótese). Talvez reduzindo a carga eu comprometa esse sonho ou talvez eu apenas fique infeliz. Talvez eu deixe de fazer algo que preciso fazer. Algo que me comprometi seriamente a fazer. Na verdade, também não sei até que ponto, estaria exagerando na dose de trabalho. Nesse primeiro semestre, por exemplo, foram poucas as aulas que consegui dar aos sábados. E existe bastante espaço para reduzir o trabalho na Seara, quando eu resolver a minha vida profissional. Sei que tem coisas que posso e devo deixar de fazer quando conseguir me estabilizar novamente, mas enquanto isso não acontece...

Aqui na empresa, a incerteza me deixa extremamente angustiado. Sinto e sei que tenho um potencial enorme para contribuir com a minha atuação profissional, mas me sinto podado, sem ação. Vocês acham que me sinto bem sem ter o que fazer aqui na empresa enquanto não se decidem sobre o futuro dos funcionários? Vocês acham que me sinto bem usando meu tempo aqui na empresa para navegar na Internet, escrever textos como esse ou fazer coisas da Seara? Claro que não! Por outro lado, desistir de tudo isso agora é renunciar a um salário que ainda me pagam. Eu estou procurando novo emprego, mas as coisas não acontecem de uma hora para outra. Enquanto isso...

E o nervosismo? E a tensão? Acabo brigando com as pessoas ou, no mínimo, não dou atenção àqueles que amo e que merecem e precisam da minha atenção, da manifestação do meu amor.

Obrigado pela paciência de quem leu até aqui. Peço desculpas pela encheção de saco. Sei que o ouvido de ninguém é penico. Mas peço desculpas mesmo pela forma que posso estar me comportando. Não sou de ferro e essa é uma das poucas vezes da minha vida em que me sinto mesmo mal e confuso. Mas eu sei que vai passar e que as coisas vão ficar melhores do que estão. Esse foi só um momento em que resolvi desabafar escrevendo aqui nesse blog que, aliás, estava há um tempinho desativado. Será que o blog também serve para isso? Talvez ninguém mais volte por aqui depois de um post desses... (não costuma ser rotina)

Um comentário:

Stefania Montes Henriques disse...

Todas as pessoas passam por isso... você ter consciência desse fato, já é um indício de que você vai sair dessa, o mais rápido que imagina.
As vezes nos deparamos com alguns problemas ao longo da vida, e com uma enorme força de vontade, que ninguém sabe de onde vem, e nem mesmo sabe se realmente existe, continuamos a viver.
Pense que talvez, ainda não tenha chegado a hora de um filho. E que, se agora há uma avalanche de coisas ruins, é por que ela será seguida de muitas coisas boas.
Quem sabe, você não arruma um emprego que goste, quem sabe ae seja a hora do seu filho aparecer?
Eu sei que, sou uma estranha, mas me identifiquei muito com o que você disse no post. E, se eu estivesse no seu lugar, gostaria de que alguém me escreve o que agora te escrevo.
Tenha fé que tudo vai dar certo.
As coisas sempre se "aprumam"... é só esperar.
Um abraço.