quarta-feira, março 07, 2007

ESCLARECIMENTO?

Escrevo este post apenas para deixar disponível a quem possa interessar a resposta oficial que obtive da Seara Bendita referente ao pedido de declaração de nulidade da decisão do Diretor da Área de Infância e Juventude de me afastar da coordenação dos trabalhos desta área no Lar Meimei, pois sei que muitos gostariam e esperam um esclarecimento.

Para quem não sabe do que estou falando e gostaria de saber, basta pedir que eu passo maiores informações.

A seguir farei uma transcrição da carta que recebi hoje, datada de 05 de março de 2007. Em seguida, farei alguns comentários que considero pertinentes.

Ilmo. Sr.
Rogério Moreira Jacobsen

Em atenção ao expediente datado de 19 de janeiro de 2007, no qual V.Sa. requer a DECLARAÇÃO DE NULIDADE do ato praticado pelo Diretor da área de Infância e Juventude, bem como, a RECONDUÇÃO AO CARGO DE COORDENADOR DA A.I.J. NO LAR MEIMEI, vimos informar, que com base nos estritos termos das decisões contidas nas atas das reuniões realizadas junto ao Conselho da Área de Infância e Juventude em 31 de janeiro de 2007 e da Diretoria Executiva da Seara Bendita em 13 de fevereiro de 2007, fundamentadas nos dispositivos legais que norteiam nossas diretrizes (Estatuto Social e Regimento Interno da Área de Infância e Juventude), combinados com o parecer da assessoria jurídica externa da Seara Bendita, houveram por bem, os membros que compõem a Diretoria, validar o ato praticado pelo Diretor em sua integralidade.

Em sendo assim, ficam INDEFERIDOS os requerimentos feitos por V.Sa. naquele expediente, impondo-se o conseqüente arquivamento do processo em nossos arquivos.

Sem mais
Atenciosamente

Nair de Moraes
Diretora Presidente

OBS: a cópia fiel da ata da reunião da D.E encontra-se nos arquivos da respectiva área.

Os meus comentários:

1) Os documentos de referência

Não sei porque, mas não recebi cópia das atas de reunião mencionadas e nem do parecer jurídico. Não entendo porque cópias de tais documentos não foram anexadas, uma vez que poderiam conter informações para esclarecer de fato a questão. Curioso apenas informarem que cópia fiel de um destes documentos encontra-se nos arquivos da instituição. Se tais atas podem conter informações relevantes, porque não poderiam ser divulgadas? Ou, ao menos, porque não se relata o que foi discutido e definido nestas reuniões que tem relação com a questão analisada? O mesmo vale para o parecer jurídico. Pelo que entendi, se qualquer um de nós quiser ter acesso a estes documentos, terá que ir à Seara. Esta postura, na minha opinião, denota falta de transparência.

Vale mencionar que nem mesmo o Estatuto Social e o Regimento da Área de Infância e Juventude parecem ser bem divulgados ao público. Fato curioso é que na reunião do Conselho da Área de Infância e Juventude de 31.01.2007, quando se questionou a composição do referido conselho considerando-se as disposições do regimento da área, o diretor informou que o regimento que foi utilizado como base para elaboração do manifesto realizado pelos voluntários do Lar Meimei não correspondia àquele aprovado pela Diretoria da Seara. Estranhamente, era aquele o único regimento disponibilizado na Internet aos conselheiros da AIJ até aquele momento. E o regimento divulgado aos conselheiros era de fato diferente daquele aprovado...

Ah... e a reunião, em caráter extraordinário, da Diretoria Executiva tratou apenas destas questões referentes aos afastamentos meu e do Sylvio e do Manifesto realizado pelos voluntários do Lar Meimei, portanto, acredito que a ata poderia ser integralmente divulgada. A reunião do CAIJ também tratou principalmente destas questões.


2) Ausência de Esclarecimentos

Como dá para notar, não há qualquer esclarecimento oficial acerca dos fatos. Até o momento, não foram apresentadas justificativas para os afastamentos. Muito menos provas de qualquer coisa.

O que se ouve são apenas algumas afirmações vagas, como a de que, por exemplo, como coordenador, eu não estaria seguindo as diretrizes da AIJ definidas em regimento. Porém, em nenhum momento, apontam quais foram os erros cometidos por mim e pelos outros voluntários do Lar Meimei no decorrer do ano de 2006.

Falaram da inadequação do Programa de Aulas que utilizamos, mas não indicaram quais itens do programa estariam inadequados. Há de se ressaltar que se, efetivamente, esses pontos fossem apontados e se houvesse uma discussão a respeito, não haveria problema em mudar se a maioria estivesse de acordo. Aliás, foi exatamente esta a discussão solicitada pelo Manifesto do Lar Meimei. Uma discussão que nunca ocorreu...

Dizem também que não praticávamos a educação espírita no Lar Meimei. Mas isso não passa de opinião de alguns. Nosso trabalho no Lar Meimei era feito à luz da doutrina e apenas a abordagem era diferente. Uma abordagem mais filosófica e crítica, menos catequista e impositiva... Temas espíritas estavam permeando o programa, a reencarnação, era um exemplo.

É verdade que sempre levantei a questão sobre a adequação do nosso trabalho à realidade daquela comunidade. E isso passa por uma possível reavaliação dos objetivos e da forma de trabalho. Nem que, isso implicasse numa futura mudança do regimento... Não podemos esquecer que o trabalho que fazemos lá também é social e acho que é, no mínimo, discutível condicionar a entrega de sacolinhas de natal para as crianças à presença em aulas de espiritismo, sobretudo quando a maioria das pessoas atendidas se declara evangélica. Existe aí uma discussão moral e, quem sabe, até legal...

Mas uma coisa precisa ficar clara: mesmo considerando a necessidade de uma discussão sobre o objetivo do trabalho da AIJ no Lar Meimei em razão dos motivos que expus, durante o ano de 2006 (e seria o mesmo em 2007), o trabalho foi sim de educação espírita.

3) Cronologia dos Fatos e a Decisão do CAIJ

Notem que as reuniões mencionadas só foram realizadas após o protocolo dos documentos na Seara. Até então as ações do diretor não eram válidas, apesar de sua afirmação em contrário.

O CAIJ e a Diretoria Executiva é que validaram as decisões. A Diretoria Executiva, que eu saiba se ateve à avaliação da legalidade dos atos. Na reunião do CAIJ, os conselheiros claramente já haviam tomado a decisão antes de ouvirem as posições minhas, do Sylvio e do Peter, que representava o pessoal do Lar Meimei. Aliás, é preciso dizer que não fomos ouvidos na reunião, apenas tivemos o direito de falar, o que é bem diferente.
O que eu sei é que o CAIJ não representa a opinião da maioria das pessoas na AIJ. E posso afirmar isso pelo que converso há mais de quinze anos com as pessoas e pelo que tenho conversado ultimamente. Das sete pessoas qu votaram, uma é o próprio diretor que teve suas ações contestadas e outras três tem trabalhado juntas na educação espírita infantil e tem conversado muito entre elas, sem muito contato com os demais membros da AIJ. Outras duas são da diretoria da Seara e não tem uma vivência direta na AIJ e tem mais contato com o diretor da AIJ, que teve suas ações contestadas. Digamos que estão mais expostos às idéias do diretor e muito menos aos dos demais integrantes da AIJ. O outro votante fui eu... Voto vencido...

Ao meu ver, nosso afastamento deveria ser motivado por faltas graves. Quais foram elas? Não ficou claro nem se houve faltas... Não consigo entender como estes conselheiros apoiaram a decisão do diretor sem ao menos tentar promover um entendimento.


4) A Letra Mata, o Espírito Vivifica

Uma frase de Paulo de Tarso...

Ouvi muito esta frase na Seara nestes últimos tempos. E o curioso é que ouvi esta expressão justamente daqueles que se apegam à letra. Curioso mesmo...

Devem ter notado que a carta é extremamente legalista. Se restringe à legalidade dos atos praticados pelo diretor. Em nenhum momento, há alguma manifestação que considere se os atos deveriam ou não ter sido praticados, se prejudicaram ou não pessoas, se afetaram negativamente ou não o trabalho. Isso parece ser o que menos importa. O que importa é dizer se o diretor pode ou não pode. Considerando o que eu mesmo já disse em outra oportunidade, dá-se muito valor à hierarquia na Seara. Pelo jeito atribui-se muito mais valor a ela do que a qualquer outra coisa... E além da demonstração que podemos observar por esta carta, esta valorização da hierarquia e do poder dentro da Seara é reforçada por afirmações de membros da sua própria diretoria. Foram muito claros ao dizer que consideraram a submissão dos documentos contestando as decisões tomadas na AIJ, como um gesto de insubordinação.

E parecem dar mais valor ao Estatuto Social e ao Regimento da AIJ do que à própria codificação espírita. São escravos da letra que mata. Parece que nem cogitam uma possível necessidade de alteração destes documentos. No fim o problema todo que acontece na AIJ está sendo escondido por baixo de papéis.

É claro que documentos desta natureza são importantes, mas dar a devida importância a estes documentos não é o mesmo que sermos escravos do que está escrito neles. E não podemos nos esquecer que estão sujeitos a interpretações. A minha interpretação e de muitos outros não considera que eu estaria agindo contrariamente às diretrizes do Regimento da AIJ no Lar Meimei.

Triste é perceber que, apesar deste apego a letra, ele parece se adequar às conveniências, pois um dos principais artigos do Estatuto Social da Seara Bendita, está sendo totalmente desrespeitado:

"Art.2º - São finalidades da Casa:
.................................................................................
III. o trabalho sem sectarismo pessoal ou de grupo, pela efetiva ação da fraternidade humana, inspirado no Evangelho de Jesus e à luz da Doutrina Espírita."

Notamos claramente o sectarismo que surge do tratamento inadequado da contraposição de duas linhas de pensamento diferentes, ambas consideradas espíritas.

5) Recondução ao Cargo
Quem me conhece e sabe de toda a história sabe que o que menos importa para mim é o cargo de coordenação. Se solicitei a declaração de nulidade referente ao meu afastamento, foi por simplesmente considerar o ato arbitrário e pensar nas pessoas e no trabalho que podem ser prejudicados por este tipo de decisão. Pensar principalmente nas pessoas e nos trabalhos que já sofreram este tipo de coisa no passado (e existem diversos casos!) e nas pessoas e nos trabalhos que podem ser prejudicados no futuro. Este tipo de coisa não pode continuar acontecendo. Uma questão de justiça e respeito. Uma questão de coerência doutrinária, pois sempre precisamos tratar as coisas com amor.
Quem me acusa de agir com vaidade ou falta de humildade me julga injustamente. Mas isso quem pode confirmar é quem me conhece. Já disse muitas vezes: não sou imune a este tipo de coisa, pois não sou perfeito, mas garanto que não é este o caso.

6) Liberdade, Ação e Serenidade

O que escrevo aqui não se restringe ao conteúdo desta carta que recebi, mas é muito relevante.

Sinto-me como se estivesse vivendo no período da “Santa Inquisição” ou numa ditadura militar, guardadas as devidas proporções, porque se não há, no caso, violência física, há violência moral.

O simples fato de contestarmos e buscarmos transparência, como já mencionei, é visto como ato de insubordinação. Quem questiona ou contesta é visto como causador de tumulto, desagregador. Nem levam em conta que a origem do problema se deu nas decisões impositivas e na forma arbitrária com que foram tomadas. Quem de fato causou tumulto?

Mas devem achar-se de posse da Verdade... Mas era diferente na época da “Santa Inquisição”? Um bom espírita e qualquer pessoa de bom senso sabem que ninguém é sábio o suficiente para se considerar o dono da Verdade...

Atribuir a pecha de causador de desequilíbrio a quem contesta é negar um princípio básico da democracia. Seria o mesmo que condenar quem se revolta com o famoso escândalo do mensalão que assolou o país recentemente. Afinal, se estes contestadores ficassem quietos, se a imprensa não se manifestasse, o povo brasileiro estaria mais tranqüilo e não estaria exposto a qualquer tipo de problema... Será? E falando em controle de imprensa, analogamente, há gente na Seara dizendo que é um absurdo usarmos a Internet para tratar de tudo o que está acontecendo... Será?

É bom que fique claro para todos que nem eu, nem ninguém que está indignado com esta situação, estamos nos manifestando para causar tumulto. Apenas não podemos ser omissos.

Vivendo uma situação como essa, nem sempre é fácil evitar o desgaste, por isso, seja lá qual for o ponto de vista que defenda, qualquer pessoa está sujeita à exaltação. Todos ficamos tensos.

E aí jogam mais uma pecha em cima dos questionadores: de desequilibrados. Insinuações ou declarações de que estaríamos obsediados é que não faltam. E isto tem clara intenção de diminuir a credibilidade de quem contesta... E mesmo que estivéssemos? O que seria mais razoável? Atacar-nos? Afastar-nos?

É hora de buscarmos o equilíbrio. Hora de orarmos e nos conectarmos ao que há de melhor. Os amigos da espiritualidade estão ao lado de cada um de nós, seja lá qual for a nossa opinião em relação ao que está acontecendo. Aproveitemos este auxílio.

Apesar de tudo, nesta história não existem lados e ainda acredito que todos voltaremos a conviver bem. Tudo não passará de um grande aprendizado para todos nós. Devemos aproveitar esta oportunidade. Eu mesmo estou aproveitando para refletir e avaliar minhas próprias crenças e atitudes. E isso é bom...

Mas ainda não podemos prescindir da ação. As coisas ainda não estão resolvidas. Mas que a ação seja a mais tranqüila possível. Que possamos alcançar o equilíbrio entre a serenidade e a determinação. Espero que possamos buscar a ação serena, mas contundente.

É isso! Por enquanto...
Acredito que tudo ainda vai se resolver da melhor forma.
E vou seguir o meu coração, como tenho feito...
Desejo o bem para todos os envolvidos.
Abraços!

3 comentários:

Sylvio Montenegro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sylvio Montenegro disse...

Gera,
Como poucos sei de suas indagações e indignações.
Estamos lado a lado meu amigo!

Giggio disse...

Meu amigo, amigo meu...
Não há muito o que completar. O que fico triste é que os erros continuam. Sem notar, quando o Beto te impede de dar aulas no CPEJ, ele estende os problemas existentes e cria outros novos, estimula a desunião dentro do grupo e a tristeza, e cria mais dor de cabeça para ele mesmo. Ou talvez, sendo menos indulgente, notando mas "mostrando quem é que manda".
Bom, de qualquer forma, graças a Deus (literalmente), quem manda é ele mesmo, Deus. E esse tipo de abuso de autoridade, dentro de uma casa espírita não há de se propagar por muito tempo. Como eu disse no sábado, as pessoas passam... o trabalho fica.
Esperemos.
Abraços!