POLÍTICOS, ARGH?
“Brasília é uma ilha, eu falo porque eu sei.
Uma cidade que fabrica sua própria lei.”
Herbert Vianna
Hoje estive em Brasília. Resolvi alguns assuntos na sede do IBAMA referentes a duas novas linhas de transmissão de energia que a empresa em que trabalho está construindo. Tenho tido a oportunidade de viajar ara Brasília freqüentemente.
Uma cidade diferente, uma ilha realmente. Como não poderia deixar de ser, gira em torna da política. Conversas em restaurantes, no saguão do aeroporto, por onde quer que você vá:
"Falei com o fulano de tal. Ele vai conhece aquele deputado que pode ajudar naquela nossa idéia."
"Ô! Você por aqui? Que ótimo! ... Ah, sim. Darei uma passada em seu gabinete. Com o maior prazer!"
Jogo sujo! Política! Em geral, costumamos tratar essas coisas como sinônimos. O político corrupto, o jogo de poder e interesses...
Estava voltando para casa e comecei a ler uma revista espírita (coisas de quem dá aula de espiritismo, he, he, he). Uma das matérias tinha o seguinte título: “O Espírita no Trabalho”. Tratava-se de uma entrevista em que o entrevistado afirmava que é preciso que o espírita seja espírita em qualquer trabalho que exerça, sem restringir o conhecimento da doutrina espírita apenas ao centro que freqüenta.
Bom, parece que de repente mudei de assunto. Que relação teria isso com minha viagem a Brasília?
No meio da entrevista surgiu a seguinte pergunta que transcrevo a seguir:
"Sabemos que a atividade política pode fazer muito pelos mais necessitados, porém, muitos a utilizam para conseguir benfeitorias ilícitas. O espírita deve se afastar dessa área ou também mostrar nela a sua verdadeira essência?"
A resposta, também transcrita:
"Se possível, o espírita deve se afastar da política, o que não significa que deva se distanciar de ações governamentais ou de atos em prol da sociedade. Porém, nos dias de hoje, ser político realmente não traz uma boa qualificação. O que eu temo é que o espírita, por mais bem intencionado que seja, acabe sendo envolvido pela máquina administrativa, pela máquina do Congresso, enfim a estrutura que nos impede de agir em plena liberdade. Muitas pessoas lembram que o Dr. Bezerra de Menezes, Caribar Schutel e Eurípedes Barsanulfo, por exemplo, foram políticos em determinada época, mas a verdade é que eles, depois que se tornaram espíritas, abandonaram a política e se entregaram integralmente às atividades assistenciais e socorristas, através do esforço pessoal e de seus centros espíritas. Atualmente, conheço muitos trabalhadores espíritas em órgãos do governo que são dignos e honrados, mas que ficam bastante limitados em algumas ações por força da realidade política de sua localidade ou de seu superior hierárquico. Enfim, creio que o melhor é o espírita desenvolver suas tarefas em um ponto de vista social, socorrista e político, partindo de uma atividade individual ou de uma casa espírita."
Depois de uma resposta dessa uma nova e bem sacada pergunta:
"Emmanuel nos diz que o mal perdura pela omissão dos bons. Assim, o afastamento do espírita das atividades políticas não se enquadraria nesta afirmação? Mesmo tendo conhecimento das armadilhas advindas do cargo político, ele não teria muito a contribuir nesta área?"
Vejam só como o entrevistado continua:
"O problema é que a massa contrária é realmente muito grande e acredito que poucos espíritas tenham conseguido sobreviver a essa pressão, se é que conseguiram. Freitas Nobre dedicou toda sua vida à política e nunca negou sua formação espírita. Houve uma época em que ele esteve para ser o único postulante, dentro do partido ao qual era filiado, à candidatura para prefeito da cidade de São Paulo (SP), porém, em virtude de interesses políticos, ele foi alijado desta condição na convenção partidária, o que o deixou profundamente entristecido com seus pares. Portanto, se pudermos trabalhar em uma atividade de ação governamental, façamos o nosso esforço, mas executemos muito mais o bem que pudermos através de nossa casa espírita, que normalmente não está envolvida em ações políticas. Conheço trabalhadores espíritas que tiveram de ceder seus postos de trabalho em órgãos governamentais, apesar de estarem realizando um bom serviço em favor da coletividade, só por causa de injunções políticas momentâneas."
O que é isso?!?!?! Será que esta é a mesma pessoa que afirmou que o espírita não pode ser espírita somente na instituição que freqüenta? Partindo deste raciocínio estúpido em um mundo perfeito onde as pessoas praticariam o bem acima de tudo (independentemente de serem espíritas) não haveria um sistema político. A política nasce dos relacionamentos humanos. Se soubermos trabalhar bem estes relacionamentos, usando de boa política, poderemos conseguir viver em um mundo melhor.
Ninguém deve ser cego e burro a ponto de achar que não ocorrem sujeiras. Tenho visitado também o Maranhão, terra dos Sarney, outra terra sem lei. Vi muitos absurdos por lá. Mas e daí? Quer dizer que vamos desistir? Já que está ruim, vamos deixar assim? Vamos deixar piorar?
Está na hora de pararmos de achar que o dinheiro é o problema da humanidade, que os políticos são corruptos e achar que tudo está errado. O problema é do egoísmo! E é também das pessoas boas que ficam na sua. Não fazem nada e só julgam e reclamam. Atitude egoísta é nos fecharmos diante os problemas que enfrentamos, limitando nosso campo de atuação em favor do progresso moral da humanidade. Temos que acreditar que as pessoas boas podem mudar a ordem das coisas. Não me admira que a situação do país, do mundo, esteja de perna pro ar. Quem acredita na bondade humana acha que deve ficar quietinho, recolhido à sua humilde insignificância e soltar de vez em quando frases bonitas que julgam conter sabedoria. Sabedoria? Que sabedoria? Mãos à obra!!! Vamos trabalhar por um futuro melhor. Sabe, deu até vontade de pleitear no futuro um cargo político. Quem sabe?
Ah, posso ligar pro meu novo amigo deputado, lá de Sorocaba, que conheci ao desembarcar hoje à noite em São Paulo através de seu assistente, que conversou comigo durante toda viagem de volta. Será que eu consigo?
Mais uma coisa: leiam novamente o título do post. Repararam que tem um ponto de interrogação no final?
quinta-feira, fevereiro 27, 2003
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