A HORA DO PESADELO


Amor, dá atenção para mim... Tive um pesadelo... (voz meio embargada)

Foi assim que minha digníssima esposa acordou neste último sábado. Eu, que estava ao seu lado na cama estudando enquanto ela dormia, comecei a ouvi-la:

Nós estávamos em um lugar diferente. Outro país. A Lucimara dava aula de inglês para a minha irmã e o André nem falava mais comigo. Agora, ele era amiguinho da minha irmã. Só porque a Lu estava dando aula para ela...

O André e a Lu estavam embarcando em um navio. Fariam uma viagem para Miami. Eu resolvi fazer uma surpresa para você e comprei bilhetes para nós dois também.

Enquanto eu esperava na fila para embarcar, eu comia um prato de strogonoff, com arroz e batata palha. Um homem chegou do meu lado e perguntou se eu usaria a minha faca. Eu disse que não necessariamente e ele me pediu que a emprestasse. Ele começou a comer com a minha faca. Detalhe: só com a faca. Nisso, iniciou-se o embarque e tive que deixar meu prato e sair correndo. Na confusão perdi meus sapatos.

Não sei porque, mas você já havia embarcado. Não entendi como. Afinal, eu estava com os bilhetes e era surpresa para você!

Quando entrei no navio tripulantes vestidos de Mickey e Minie distribuíam cadernos e canetinhas dessas personagens. Tudo cor-de-rosa. Também estavam dando agendas telefônicas. Fiquei pensando se escolhia a agenda ou o caderno. Eu ainda não tinha agenda, mas depois de hesitar um pouco, resolvi ficar com o caderno.

Dentro do navio, encontrei meus pais. Uma surpresa para mim, pois não sabia que eles viajariam também. Quando me viu, minha mãe falou – Filha! Você está descalça! – e logo tirou de sua mochila um chinelinho verde-limão. Meu pai logo me advertiu – Se eu fosse você não usava. Esse chinelo dá um chulé danado! – Obviamente, eu recusei usar o chinelo e minha mãe procurou melhor dentro da sua mochila e achou meu chinelinho preto. Sabe aquele de missanguinhas que a sua mãe me deu? Acontece que, de repente, percebia que tinha perdido aquele também. Minha mãe logo me alertou apontando para umas meninas que supostamente teriam afanado o meu chinelo. Fui ao encontro delas e pedi meu chinelo. Elas me mostraram o chinelo azul que estava sobrando. Não era o meu. Nisso, vi uma das meninas com o meu chinelo e pedi que me devolvessem. Elas reclamaram – Mas ela vai ficar descalça? – Eu disse para elas usarem o azul que estava sobrando.

Resolvido o problema do chinelo, fui encontrar com você que estava muito bravo porque eu havia marcado a viagem em um período que você teria aulas. Você teria que perder aula para ir a Miami. Você estava furioso.

Reparei depois que uma sirigaita começou a conversar com você que dava bola para ela. E ela, toda metida, jogava todo o charme para cima de você. Eu estava TODA DESPENTEADA, GORDA, minha barriga saltava para fora da minha blusinha e eu usava uma rídicula pulserinha vermelha no pulso. Olhava para a menina que era linda e falava para você – Rô, olha que sobrancelha mais mal feita que ela tem! E esses braços fininhos? (meu pai que estava sentado logo atrás da menina, pegava nos braços dela e tentava mostrar para você como eram mesmo finos). E essa boca torta? – Meu pai, vendo que eu estava sendo prejudicada, ia dando tapinhas na cabeça da menina enquanto discutíamos. Não teve jeito, logo começamos a puxar o cabelo uma da outra!

E sabe o que você respondeu? SABE O QUE VOCÊ RESPONDEU?

Você disse que ela era linda!

E aí eu acordei... Desesperada!

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No meio dessa história toda (chamada por ela de pesadelo), teve um detalhe que não soube onde encaixar:

Eu e meu pai fomos para o lado do navio que navegava por um canal bem estreito. Avistávamos um tipo de praia de areia bem escura. Umas casinhas de madeira do outro lado. De repente meu pai disse – Filha! Um bicho típico da região! Olhe! – Olhei e vi um tipo de um camelo, mas ele tinha apenas duas patas. Ele era obilongo e tinha cor marrom. Marrom claro, não escuro. Mas não era bege, era marrom mesmo. Claro. A cor do Bambi...

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Será que esse sonho significa alguma coisa? Oops! Pesadelo...