Caros amigos,
Fiquei muito contente ao obter resposta ao meu questionamento sobre Esperanto. Não se incomodem com o tempo que demoraram para responder. Sei que nem sempre a tecnologia colabora...
Muitas das coisas que foram apontadas por vocês me fizeram pensar e refletir um pouco. Desconhecia muita coisa do que me foi apresentado. Vou ler a bibliografia indicada. Antes de mais nada, gostaria de deixar bem claro que a minha intenção não é criar qualquer tipo de polêmica em torno deste assunto, mas sim motivar uma discussão enriquecedora para todos.
Se me permitem, gostaria de continuar a nossa conversa...
Primeiro gostaria de tratar da questão da língua como um fator de influência de uma nação sobre outra. Confesso que não sou nenhum especialista em línguas, antropologia, ou nada disso, mas arrisco dizer que essa influência é muito relativa. O inglês tem uma origem que não é norte-americana e acredito que o fato dos EUA terem uma forte influência econômica e cultural sobre o mundo hoje, nada tem a ver com a língua. Aliás, imagino que o inglês seja falado em diversos países, como decorrência da colonização inglesa. O raciocínio vale tanto para o inglês como para o espanhol... O espanhol poderia se tornar uma língua universal... É falada em muitos lugares...
Creio que a língua é um mero instrumento de comunicação e acredito que no futuro não existirá domínio de uma nação sobre qualquer outra. A discussão sobre a língua passará a perder o sentido. Relacionar o inglês com o poderio americano, para mim, parece um simples preconceito. Não existem países de menor expressão no cenário internacional que tem o inglês como idioma oficial? Se não tomarmos cuidado, corremos o risco de abraçar uma causa pensando apenas ?anti-imperialismo americano?, conceito que acaba se tornando um chavão. Acho que tem muita coisa errada no modelo norte-americano, mas considero que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa... He, he, he.
Eu só acho que, se efetivamente precisarmos de uma língua única (do que ainda tenho dúvida...), seria muito melhor investir na utilização de uma língua que já tenha uma grande difusão pelo mundo.
Eu acho que o problema que temos é outro: o orgulho nacional. Se por um lado temos que pensar em nosso país, temos que lembrar que somos cidadãos do mundo e nosso país não é, nem pior, nem melhor, que nenhum outro. Se um dia tivermos que mudar nossa língua, o esperanto só serviria para não causar nenhum tipo de melindre entre nações? Serviria para resolver questionamentos do tipo: porque a sua língua e não a minha? Na minha opinião, isso seria apenas um recurso para contornar o orgulho dos homens que ainda se manifesta muitas vezes através de um patriotismo tolo.
Com relação à questão econômica, confesso que não entendi a sua relação com o Esperanto. O que significa dizer que ?cada palavra traduzida na União Européia permitiria
salvar a vida de três crianças que em algum lugar do mundo morrem de diarréia??
Sobre o espiritismo neste contexto, acho que deveríamos trabalhar na busca de tentar diminuir os conflitos entre as nações e estimular uma globalização saudável e fraterna, onde os interesses das nações sejam tratados, mas que se pense cada vez mais em termos de humanidade. Qual seria a língua da humanidade? O Esperanto? Pode até ser, mas acho que essa discussão é irrelevante. Se for o espanhol, o inglês, o mandarim, o português... Qual seria o problema?
Não tenho aqui nenhuma intenção de condenar o Esperanto. Talvez seja mesmo uma ferramenta adequada na integração dos povos. Posso estar desconsiderando muitos fatores...Ainda assim, acho que muito deve ser discutido e, com cuidado, para não seguirmos por um caminho em que não se vislumbrem outras alternativas. Respeito muito todos os espíritos que se colocam a favor do esperanto (André Luís, Bezerra de Menezes, Emmanuel, etc), mas acho que todos nós, inclusive esses nossos amigos que foram citados, devem estar atentos a possíveis mudanças de rumo. Quem sabe se, no futuro, chegamos todos a conclusão que é melhor adotar outro caminho. A França não era a Pátria do Evangelho? Hoje, não é o Brasil? Xiii... Essa é outra discussão...
Desculpe-me pela insistência no assunto. Novamente, faço questão de dizer que não quero criar polêmica, mas honestamente, ainda não me sinto à vontade para acreditar no futuro do Esperanto. Mas posso mudar de idéia...
Se permitirem gostaria de sugerir ao GEAE ? Grupo de Estudos Avançados Espíritas a publicação desses nossos e-mails em seus boletins (www.geae.inf.br) para incentivar uma discussão em torno desse assunto. Tudo bem?
Abraços!
Rogério
segunda-feira, maio 24, 2004
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