Todos devem saber que sou espírita. Tenho minhas dúvidas em relação ao Esperanto, uma língua dita universal que vem sendo associada ao movimento espírita. Entrei no site da FEB (Federação Espírita Brasileira) num dia desses e fiz um questionamento sobre esse assunto.
Abaixo transcrevo meu questionamento e a resposta que obtive. Já mandei outro e-mail para eles para continuar a discussão. Mas antes de escrever o que mandei gostaria de saber a opinião de vocês sobre o que está transcrito abaixo.
O questionamento:
Amigos,
Sou espírita e sempre fico pensando em qual seria a lógica em considerar o esperanto como uma língua importante e relacionada à doutrina espírita.
Não vejo muito sentido nisso até porque, em espírito, não precisaríamos da linguagem da forma que utilizamos aqui, não é mesmo?
Acredito que uma língua única poderia favorecer a comunicação entre os povos, no entanto, vários entendimentos são feitos entre nações apesar da língua diferente. Acordos políticos, comerciais, etc.
Ainda assim, mesmo que fosse interessante a utilização de uma língua única, porque não o
inglês, já que se trata de uma língua que já é utilizada por várias nações, mesmo que não seja sua língua oficial. Algum preconceito em relação ao inglês?
A pergunta que eu faço é a seguinte:
Em que se baseia a idéia de utilização do esperanto e o que isso tem a ver com o espiritismo?
Agradeço a atenção.
Um grande abraço,
Rogério Moreira Jacobsen
A resposta:
Prezado irmão,
Muita paz. Primeiramente pedimos desculpas pela demora na resposta, pois tivemos problemas em nossa rede de computadores.
Respondemos a seus questionamentos formulados em mensagem de 12.03.04, tanto aos relativos à importância e a utilidade do Esperanto na solução do problema lingüístico mundial, como aos que dizem respeito à sua evidências de que um dia se estenda aos movimentos espíritas do Exterior e, assim, neles venha a desempenhar a sua precípua finalidade de língua para as relações internacionais de coletividades cujos membros falem línguas diferentes.
Muitos argumentos se alinham em favor da adoção de uma língua neutra, como o Esperanto, para a função de língua para as relações internacionais, mas aqui apenas destacaremos o argumento estribado na necessidade de que um dia reine nessas relações a verdadeira justiça, a perfeita democracia, a pura fraternidade. O Esperanto realiza esses ideais superiores, o que não se verifica, não se verificou e jamais se verificará com a adoção de qualquer língua nacional para essa grandiosa função. A adoção de uma língua nacional
sempre servirá a interesses nacionais, invariavelmente ligados à dominação, principalmente à dominação cultural que, de todas as formas de dominação, é a mais sutil e poderosa.
As atividades em organizações internacionais como a ONU, a UNESCO, a UNIÃO EUROPÉIA ilustram muito bem essa verdade, tanto mais nítida quanto mais se acirram as resistências dos Estados-membros a tão flagrante injustiça na solução do problema lingiiístico ali intensamente vivido, como é o uso de algumas línguas oficiais e de trabalho (sempre aquelas dos mais poderosos), em detrimento das demais.
Outro argumento. em favor da adoção do Esperanto é o econômico, mas nos alongaríamos em demasia no seu exame. Um estudioso do problema -Claude Piron - afirmou que "cada palavra traduzida na União Européia permitiria salvar a vida de três crianças que em algum lugar do mundo morrem de diarréia."
No que diz respeito às relações entre Esperanto e Espiritismo, afirmamos, logo de início, que o Esperanto não é espírita, não é dos espíritas, servirido ao Espiritismo como serve a inúmeros outros ideários disseminados pelo mundo. Entretanto, aqui no Brasil alguns Espíritos eminentes, superiores, se têm manifestado em favor do Esperanto, citando- se, entre outros, Emmanuel, Bezerra de Menezes, André Luiz, Charles, Camilo Castelo Branco, Leão Tolstoi, Castro Alves, Cruz e Souza, para só mencionar os mais populares. Esse fato deu ensejo a que no seio de nosso movimento espírita se fortalecesse a convicção de que se deveria igualmente trabalhar para o fortalecimento desse genial instrumento de comunicação e dos ideais a ele associados.
Para que o Amigo se informe mais detalhadamente sobre o assunto, sugerimos que leia, na obra "Memórias de um Suicida", ditada por Camilo Castelo Branco à médium Yvonne do Amaral Pereira, o sugestivo relato em torno do Esperanto que se encontra no último capítulo ("Últimos traços") da Terceira parte.
Quanto à sua afirmação sobre a falta de sentido em cultivarmos o Esperanto pelo fato de que "em espírito não precisaríamos da linguagem da forma que utilizamos aqui", tomamos a liberdade de esclarecer que essa linguagem exclusivamente mental, de pensamento a pensamento, é conquista exclusiva de Espíritos habitantes de esferas muito elevadas, como aliás lhe será bem explicado no trecho do livro acima referido. Além disso, convém lembrar que os espíritas devemos trabalhar pelo progresso das sociedades terrenas, onde por muito tempo estagiaremos ao longo de muitíssimas reencarnações. Sendo o, Esperanto uma das mais significativas conquistas no campo social, cultural e moral, destinado a facilitar a vida universalista em nosso planeta, cabe-nos a nós, os espíritas, vanguardeiros do progresso, também trazer nossa contribuição para uma tal conquista. Convém também lembrar que, de acordo com outra grandiosa revelação sobre o Esperanto, ele foi criado no mundo espiritual para a solução de problemas lingiiísticos lá existentes, descendo à Terra para igualmente, e principalmente, beneficiar a Humanidade
encarnada.
A utilização do Esperanto em nossa divulgação do Espiritismo pelo mundo tem dado belíssimos frutos, e sua adoção para as relações internacionais da família espírita mundial se constituirá num dos mais significativos desses frutos.
Esperamos ter contribuído de alguma forma para o esclarecimento das questões formuladas pelo estimado Amigo.
Com votos de êxito em Suas iniciativas no campo do Ideal, reiteramos nossos votos de paz e saúde.
Fraternalmente
sexta-feira, maio 21, 2004
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